sábado, 17 de dezembro de 2016

Mais palavras sobre uma nuvem negra abstrata madrugando

          Costumam dizer que a madrugada é a hora das revelações, dos desabafos, das confissões, dos desesperos. A ideia que permeou minha mente até adormecer ontem resolveu voltar hoje, talvez mais forte que antes (mesmo que já houvesse um desequilíbrio mental e emocional no qual se está suscetível a tudo). Ainda estou sã de minhas decisões hoje. Ou deveria dizer amanhã, já que se passou da meia noite? Cá estou eu, sozinha mesmo tendo pessoas no quarto ao lado, ouvindo Oasis no fones de ouvido conectados ao notebook num volume não tão bom para minha audição, apesar de já ter diminuído o volume. Aliás, estou fazendo isso novamente. Aprendi a chorar em silêncio, apenas sentindo o peso das lágrimas escorrerem e talvez um pequeno alívio a quem eu sou. Quero falar, quero não ter medo do que possa acontecer adiante, mas de imediato a voz não sai. Pessoas caladas tem mentes barulhentas, eles dizem. Provavelmente estejam certos, pelo menos comigo.
         Não gosto de ter de quebrar as ideias nos parágrafos de um texto. Não costumo escrever textos, talvez pela necessidade que se tenha de explicar cada um dos sentimentos e pensamentos presentes. Talvez também por isso ainda escreva poesia: tecer palavras que podem despertar múltiplas sensações em quem as lê, levar vida aos que leem e ainda manter o mesmo mistério por trás das cortinas formadas por olhos castanhos, meus olhos castanhos. O ventilador está no máximo, a luz ainda está acesa, meu chá gelado caseiro já acabou. Empurrei as coisas para o canto e estou deitada na metade do colchão de solteiro que considero como cama. Essas seriam marcas de minha reles existência aqui, momentânea e breve. Um filme de animação que desencadeou o caos dentro de mim, que agitou o já abalado pensamento sobre mim. Quem me visse escrevendo agora me deduziria como possuída, no mínimo, a julgar pelas expressões que devo estar fazendo. Enxurrada de palavras, é isso que devo estar sendo agora. O problema de ser assim, desse jeito, quanto a si mesmo, é que só você tem a capacidade de mudar essa droga de pensamento intimista que automutila sua personalidade.
         Se você que abriu a página ler até aqui, se considere um vencedor. Algo de bom deve surgir de tudo isso. Caso não, sem problemas, apenas mais um desastre noturno desabafo.

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