sábado, 24 de setembro de 2022

na noite que chove (apenas para ter um título)

Chuva na noite afora
espaço de acolhimento
quando a solidão
enfim consegue parecer
pequena

diante da imensidão da natureza
e das gotas que caem
levam embora cada pensamento ruim

[ou pelo menos faz com que eles se escondam
a imensidão lá fora não se compara
à imensidão daqui de dentro]

queria que a chuva levasse tudo
além da metáfora
como cada toque insistente
como aquela melodia
chiclete que gruda
e se torna incapaz de esquecer

como os ombros, em sua tensão

como a mente, com o coração
percepção

e como se estudar fosse o suficiente
e quem mais seria capaz de julgar

aquele que lê
e não sabe que
é para quem eu escrevo

como se essa conversa exigisse uma resposta
um cadeado, atado
à arte que não se compara

e respira, e ataca
e ainda tenta
entre as rachaduras
esvair
desaparecer?
 

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