Já faz tanto, tanto tempo
que não visito esse espaço
que não faço casa
não me desfaço
quando os outros olham
nesses olhos
olham mesmo para dentro
de quem?
e do jeito que curvo a cabeça
para um lado
para o outro
enquanto escrevo,
tudo me parece torto
como se nada mais
fizesse sentido
nem mesmo estar aqui
as teclas estão leves
e a mente puro caos
não há espaço para o vazio
nem mesmo nesse ambiente
nessa voz que falha
e ao encarar, hesita
quando o pássaro desaprende a cantar
a confiança não é nem mesmo
um suspiro nessa corda-bamba
como se um mísero sopro
fosse capaz de
fazer desabar
esse castelo de cartas
que são minhas emoções
mesmo sendo minhas,
as desconheço
nunca estive aqui
presente nesse momento
e se antes esperei por isso, o antes já se foi.
só resta um amanhã
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