Estou num teclado problemático, com a boca queimada por ter teimado num chocolate quente realmente quente. A janela fala até mim com o vento frio entrando que eu não deveria estar sozinha. A playlist do youtube está numa das mil opções de uma hora e meia de indie e afins (essa se chama Gentle Dreams). Tenho buscado inspiração em vidas momentos que vejo quando ouço os lamentos dos outros e presto atenção no que está ao meu redor. Agora, aqui, só tendo eu, sou obrigada a de fato prestar atenção em mim. Se isso está valendo a pena? Considerando meus pequenos deslizes (volto aqui ao chocolate quente e agora digo que gostaria de chá) e o fato de eu estar escurecendo junto com o que está fora da janela, posso dizer que, com toda a certeza (e só para variar) não sei.
Engraçado é o poder de que algo completamente aleatório tem de acompanhar exatamente o que sua mente sente (digo mente por querer colocar um motivo e uma razão em tudo, o coração só aparece quando não nos encontramos e os minutos continuam passando, pendendo para um possível desespero embebido nas vozes suaves da música que toca agora). É quando não conseguimos ter conclusões que mergulhamos cada vez mais fundo em nós, não sabendo quais são os tesouros que poderemos encontrar. O poder do negrito no texto volta o olhar a algo que queremos evidenciar quando talvez gostaríamos de esconder o que cerca a situação e o olhar. Olhar marcado por preto, quando preto traz atenção ao que talvez tenhamos de forte e, nas nossas entrelinhas, estamos prestes a desabar (poderia usar desmoronar mas é algo complexo demais para uma sensação tão óbvia e sutil). Também quando vemos as necessidades dos outros como sendo mais importantes e valiosas do que a nossa presença ali.
De volta ao chocolate quente, que agora já consigo tomar. Diria que a maior vantagem é poder colocar as mãos em volta da caneca para esquentá-las enquanto lido com os sabores (que tenho de melhorar, afinal, morar sozinha o mínimo que tem que saber é se virar de um jeito decente, o que me lembra quando ouvi relatos de pessoas que comeram miojo as seis da manhã e o quanto eu fiquei feliz por nunca ter chegado nesse ponto). Nada, aqui, nunca precisou fazer sentido. Nesse ponto eu fico feliz, já que não devo satisfações. Mas isso não quer dizer que eu tenha desistido de encontrá-las para mim.
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