sábado, 20 de fevereiro de 2016

Amar-sonhar

"E você sabe que, quando o inacreditável te enfeitiça, a chance é grande de, no fim, despertar"
O que dizer de algo que para ela, ao surgir manso, despertou sensações? De uma rodada de sorvete entre amigos, se surge uma declaração...
— Vou te contar que não me lembro de nenhuma das palavras, mas aqueles olhares direcionados a mim e a pressão exercida por aquele rosto clamando resposta me deram calafrios. Nunca havia pensado nele desse jeito, apesar de que se disser nunca estarei mentindo. Admito, imaginei. Como é que eu ia reagir diante de uma situação que me assustou?
— Pois é, eu corri.
Apavorada, de toda a certeza, correu pra pensar em algum canto. Porque ele? Porque ali? O problema era o algo que havia surgido dentro dela... Parabéns a ele, pois acabara de conquistar um pedaço daquele coração.
Ela, então, decidiu conversar com sua melhor conselheira, afinal toda garota tem uma. Sabe quando as pessoas costumam interromper o que deveria ser sério? Pois é, a conversa não aconteceu, foi interrompida por pessoas banais, motivos banais, assuntos banais.
 Eu me conhecia bem demais naquela hora, não adiantava mais nada, algum sentimento tinha sido plantado dentro de mim. Iria me sufocar aos poucos, como toda a semente cujo espaço não se libera para crescer. Dessa vez eu teria de dizer sim, não teria?  
Ela então, daria aquela preciosa chance ao seu coração, mas no dia seguinte, pois pensava que melhor seria dar um passo de cada vez.
Não se lembrava em nenhum momento de ter dormido aquela noite, ou melhor, de ter vivido aquela noite. Esquisito seria se não fosse tamanha a ansiedade que percorria seu corpo, com as altas doses de adrenalina a fazendo se mover com rapidez e desespero. Ele estava ainda mais bonito que na ocasião anterior, mesmo que ela não desse muita importância a isso.
— Vim aqui falar com você sobre, bem, sobre ontem.
Era nítido o desespero preso na expressão tensa daquela face que desejava respostas. E o medo, então? De ambas as partes.
— Será que antes de você me dizer qualquer coisa, eu poderia te chamar a dançar?
—Ele sabia que eu não dançava nem um pouco bem, mas estava disposto a arriscar por algum motivo. Aqueles olhos pesavam horrores em cima de meus ombros, em cima de meu coração.
— Sim, você pode me pedir pra dançar contigo, e eu decido que vou aceitar.
— Como foi gostoso aquele sorriso para mim... Nem sei o que dizer e/ou pensar (é, eu falo assim de vez em quando).
Era lindo como seguiam a música que carregavam no coração. Mesmo que não dançassem bem, os passos eram graciosos, jamais como de bailarinos, cuja perfeição é notável, mas como patinhos feios prestes a formarem um cisne, e JUNTOS. Ela se entregava cada vez mais a seus braços, em cada pirueta, em cada toque, era simplesmente maravilhoso como sua cabeça se encaixava perfeitamente a aqueles ombros altos, inimaginados. Ora dançavam num salão, ora na sala da casa de um deles, ora em cima do tapete de um lugar qualquer, ora numa praça, tanto ao pôr-do-sol quanto no anoitecer. Eles se amavam tanto...
Ela acordou, sem dar sua resposta. Acordou assustada de um sonho que sugara todas as suas energias durante a noite, madrugada afora, se perdia no que era real e no que seu subconsciente tinha se encarregado de inventar (ou seu interior chegou a desejar isso?) A confusão era grande em si... Afinal...
— Eu acordei sem dar àquele SIM.



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